terça-feira, 31 de maio de 2011

Hip Hop Guarani

Vejam aonde o RAP, com sua abertura a diversos pensamentos, é capaz de chegar. A matéria saiu no Estadãoe(pésimo jornal diga-se de passagem).

Os olhos do índio Bruno Verón dizem que algo na aldeia não vai bem. Junto a três outros jovens da mesma tribo, ele tranca o sorriso, amarra o Nike e mira o alvo: o governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli. André está sentado na primeira fileira ao lado do prefeito de Dourados, Murilo Zauith, e de vereadores que inauguram com festa e discursos a Vila Olímpica Indígena da região, um espaço esportivo com campo de futebol e quadras de basquete.


Bruno terá sua chance logo depois das meninas dançarinas da etnia terena. Assim que o locutor anuncia a entrada de seu grupo de rap, o Brô MC”s, o índio procura pelo governador na plateia e joga a lança: “Esta vai pra vocês que não conhecem nossa realidade, que não sabem dos nossos dilemas. Aldeia unida, mostra a cara!“
 
A real que Bruno canta forte, em uma mistura de guarani e português, está bem perto daquele complexo esportivo de R$ 1,6 milhão cheirando a tinta. Sua casa de quatro cômodos é dividida entre ele, a mãe, o pai e cinco irmãos. O avô morreu espancado supostamente por capangas de fazendeiros que queriam os indígenas longe dali.


O irmão mais velho escapou por pouco, mas leva um projétil alojado na perna. Na casa dos Verón, arroz e feijão são lei. Carne, pouca. Salada, “coisa de paulista”. Mandioca brota no quintal. Banho, só de caneca. A geladeira está quebrada. A TV funciona. O Playstation, também. E sempre, a qualquer hora, os celulares dos garotos tocam Eminem, Snoop Doggy, Racionais, MV Bill e Fase Terminal.

O hip hop chegou às reservas indígenas de Mato Grosso do Sul como se fossem ali as quebradas do Capão Redondo. Para os filhos adolescentes das 15 mil famílias das etnias terena, guarani-caiová e guarani-nhandéva, era como se cada verso tivesse sido criado para suas próprias vidas. Se Mano Brown fala de conflitos entre pobres e policiais, eles têm pais e avôs retirados de suas terras a tiros pelo homem branco. Se MV Bill cita o tráfico de drogas, seus amigos estão cada vez mais fascinados pelo crack. “É uma das regiões mais problemáticas do Brasil”, diz o antropólogo especialista no grupo guarani há 40 anos, Rubem Thomaz de Almeida.

A luva também serve quando o assunto é música. O ritmo duro e constante de uma expressão 90% percussiva estaria facilmente em um ritual caiová. “Eu não pensava nessas coisas antes do rap. Ele que me fez ver nossa situação”, diz Bruno Verón.

Foi em Bruno e no seu irmão Clemerson que o ritmo bateu primeiro. “É nossa chance de sermos ouvidos fora da aldeia”, diz o líder. Kelvin e Charles, os outros dois integrantes e também irmãos entre si, foram recrutados na escola. Apesar dos nomes, todos são legítimos guarani-caiovás.

Há muitos jovens registrados com “nomes brancos” na aldeia, como se percebe em uma conversa rápida com os garotos sobre rock and roll. “E vocês conhecem os Beatles?” “Sim, o John Lennon mora logo ali”, fala Charles, apontando para a vizinhança. Ele ri, mas é sério. John Lennon, Elton John, Jack, Jackson e Sidney Magal são índios de 16, 17 e 18 anos que também escutam rap. Os meninos andam pela reserva com camisetas do Eminem e dos Racionais MC”s, tênis de basquete, bonés coloridos e celulares tocando rap.

Quando se encontram, tocam as mãos abertas e depois fechadas como se faz na cidade. Muitos aprendem a dançar break em oficinas ministradas pela Cufa (Central Única de Favelas). Em uma delas, Higor Marcelo, cantor do grupo Fase Terminal, conheceu os garotos e passou a produzi-los. “Fiquei maravilhado quando ouvi”, diz. Higor fez um CD demo dos garotos e agora fecha a produção para o fim do ano de um primeiro disco do Brô MC”s.

Os ventos sopram a favor dos rappers da aldeia. A primeira vez que saíram de suas terras foi em setembro de 2010, quando fizeram um show nos Arcos da Lapa, no Rio de Janeiro. Uma garrafa pet guarda a água do mar que Kelvin trouxe de Copacabana. “Era muito salgada!” São Paulo eles conheceram em dezembro, quando fizeram um show no Sesc Belenzinho. “É abafado, parece que não tem ar.” Ele sorri de uma teoria sua sobre as placas das ruas que viu. “Anhanguera é um diabo velho. Anhangabaú é espírito mal do rio. A gente diz aqui que vocês foram a um pajé bêbado para dar nome aos lugares.” Os Brô MC”s tocaram também em Brasília, na posse da presidente Dilma Rousseff.

E, assim, suas vidas vão ganhando instantes de fama. Clemerson é o mais procurado pelas garotas. “A gente dá autógrafo.” Os olhos de guerreiro de Bruno são só para o palco. Fora dele, é um cavalheiro. Ao sair com o repórter pela aldeia de bicicleta, sugere uma caminhada quando sente o pulmão do parceiro saltando pela boca. Enquanto caminhamos, ele fala mais. Ao ver que o repórter usa aparelho dentário… “Eu tinha que usar isso, mas minha mãe disse que um raio poderia cair em mim.” Ao passarmos por uma embalagem de camisinha jogada na estrada… “Aids aqui tem bastante, mas muitos meninos casam cedo, com 12, 13 anos.” E ele? Não namora? “Namoro é como prisão, não dá pra fazer mais nada.” Bruno é um cavalheiro e um sábio.

Um de seus raps se chama Tupã e mostra que o Brô MC”s já cria seu próprio discurso. “Aldeia, a vida mais parece uma teia / que te prende e te isola, não quero tua esmola / nem a sua dó, minha terra não é pó / meu ouro é o barro onde piso, onde planto / e que suja seu sapato quando vem na reserva fazer turismo / pesquisar e tentar entender o porquê do suicídio.”

O alto índice de suicídio na tribo, sempre por enforcamento, atingiu o ápice em 2009, quando foram registradas uma morte a cada dois dias. “Até que uma criança de 8 anos se matou. Aí paramos para discutir”, diz Nestor Verón, pai de Bruno. As explicações não fecham uma lógica. O enforcamento seria um simbolismo. O índio quer se expressar e não pode, então se enforca. Ou estaria passando por uma espécie de choque espiritual com a chegada de grupos religiosos cristãos. Nada é certo. “A alma de um suicida, acreditam eles, não sai pela boca, como deveria, mas pelo ânus. E então é incorporada por outro indivíduo que também irá se enforcar”, diz o antropólogo Rubem Almeida.

Seja como for, o dilema se tornou combustível para a identidade de algo que já poderia ser chamado de “rap guarani”. Afinal, um índio que se veste como Puff Daddy e diz “e aí mano?” afoga a tradição de seu povo? “A cultura não é estática. Ninguém vive fora do mundo”, diz a professora de antropologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Lúcia Helena Rangel. O fenômeno pode aguçar pesquisadores, mas o poder público parece longe de abraçá-lo. Ao fim do show do Brô MC”s na inauguração da Vila Olímpica Indígena, o governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli, é o único que não aplaude. “Não gostei, porque isso é música estrangeira. E eu sou nacionalista.”

Assista abaixo ao clipe da música “Eju Orendive”, em guarani.
21 de maio de 2011
0h 00
Julio Maria – O Estado de S.Paulo

quinta-feira, 19 de maio de 2011

A luta por um direito.

Fonte da foto:Blog Bar &Lanches Taboão
“Despejo com vitória, ganhou quem lutou!”. Foi com essa frase impactante que começava uma carta distribuída aos sem teto em uma fria manhã, ao serem despejados. Durante mais de um ano, cerca de 900 famílias ocuparam um grande terreno no Jd. Maria Helena, em Taboão da Serra, onde ativistas realizavam semanalmente com os moradores uma série de atividades culturais e de formação política, que devidamente foi batizado de Ocupação Che Guevara. Ao longo de todo o ano, uma grande luta foi travada com diversos setores da sociedade para garantir um direito básico: a moradia.


Foram inúmeras marchas, acampamentos em praça e na casa de Paulo Colombo (proprietário do terreno), e uma organização que de fato foi no mínimo surpreendente. A frente da ocupação está o MTST, um movimento criado no início dos anos 90 e que luta por moradia urbana em toda grande São Paulo e em algumas cidades do interior. A história do MTST com Taboão da Serra não vem de hoje. No ano de 2005, o mesmo local também foi ocupado pelo movimento e na ocasião, o acampamento que teve o nome de Chico Mendes, resistiu por quase um ano e obteve como vitória o beneficio de bolsa aluguel para diversas famílias e o compromisso do governo do estado e da Caixa Econômica Federal para a construção de moradias populares na cidade.

E com esse mesmo ideal de luta foi feita a história da ocupação Che Guevara, que ao fim da jornada conquistou bolsa aluguel no valor de R$250,00 para 500 famílias, além de um acordo com o CDHU e o Ministério Público de um projeto de construção de moradias para várias famílias que estão inscritas no movimento.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Pra não dizer que não falei das flores.

Espacamento de jovem em ato contra o aumento da passagem.
Hoje pela manhã na minha tradicional leitura matinal acessei o ótimo blog Bola&Arte e além das gozados comentários sobre mais um vexame do time de Itaquera(onde fica isso mesmo) pode assistir um ótimo vídeo sobre os abusos policias sobre um simples artista na Av. Paulista e a lição de moral que os policias ganharam do mesmo artista.
Isso sim é Cultura de Combate de fato.

Assista.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

O fim da escravatura?


O Pastor Martin Luter King e o mulçumano Malcon X

Sexta feira 13, garoa chata, céu cinza e um tom de muita tristeza. De fato hoje dia 13 de Maio não é um dia nem um pouco feliz, o dia do suposto fim da escravatura não traz felicidade alguma, basta analisar a atual situação do afrodecedente no mundo.

De acordo com o estudo Mapa da Violência publicado em 2011 pelo Ministério da Justiça, de 2006 a 2012 33,5 mil jovens serão assassinados no Brasil. A maior probabilidade é de que as vítimas sejam negras. Os ativistas destacam ainda privações relacionadas a direitos fundamentais, como à saude, já que 40,9% das mulheres negras nunca realizaram exame de mamografia ou Papanicolau, segundo o Relatório Desigualdades Raciais de 2010, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Nessa sexta feira ira acontecer uma serie de atos políticos e atividades, uma delas é a 15ª Marcha Noturna pelos 123 anos da falsa abolição da escravatura que acontece no centro de São Paulo e reivindica além do fim do genocídio sofrido pela população negra a cassação de mandato de parlamentares como Jair Bolsonaro (PP-RJ) e Marco Feliciano (PSC-SP), por racismo.

O excelentíssimo Sr. Bolsonaro é um imbecil que em rede nacional declarou todo seu racismo ao relacionar pessoas negras a promiscuidade, já o “pastor do mau” Marco Feliciano declarou em deu twitter que toda a raça negra é amaldiçoada,agora imaginem o que o tambem pastor evangélico e negro Martin Luter King pensaria se ainda estivesse entre nós,acredto eu que deixaria o amor de lado e daria boas pancadas nesse cidadão.

Sexta feira 13,garoa,céu cinza comemorar o que?

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Sétimo dia.

 Hoje sete dias após a suposta morte de Osama Bin Ladem o Blog Cultura de Combate tráz para os leitores uma pequena dose de verdade(não que sejamos dono dela) e a voz eleita para traduzir nossa meneira esquedista de pensar é o ilutre Fidel Castro,veja alguns trechos de uma carta escrita por Fidel para o site da Solidariedade latino-americano.

"...Massive evento público realizado na cidade de Esportes naquele dia manifestou a convicção de que o terrorismo internacional nunca serão resolvidos pela violência e pela guerra.
É verdade que foi, durante anos, um amigo dos Estados Unidos militares treinados dele, e adversário da URSS e do socialismo, mas o que foram os atos atribuídos a Bin Laden, o assassinato de um ser humano desarmado e cercado pela família é um fato repugnante. Aparentemente é isso que fez o governo da nação mais poderosa que jamais existiu.
O discurso cuidadosamente preparado para Obama anunciar a morte de Bin Laden diz: "... sabemos que as piores fotos são aquelas que são invisíveis para o mundo. A cadeira vazia na mesa. As crianças foram obrigadas a crescer sem a mãe ou o pai. Os pais que nunca mais vai sentir o abraço de uma criança. Cerca de 3 000 pessoas foram levadas para longe de nós, deixando um buraco em nossos corações. "
Este parágrafo contém uma realidade dramática, mas não pode impedir que pessoas honestas lembrar guerras injustas desencadeada por os EUA no Iraque e no Afeganistão, centenas de milhares de crianças forçadas a crescer sem mãe ou o pai e os pais nunca mais ia sentir o abraço de uma criança.
Milhões de cidadãos marcharam longe de suas aldeias no Iraque, Afeganistão, Vietnã, Laos, Camboja, Cuba e outros países ao redor do mundo.
Nas mentes de centenas de milhões de pessoas que não tenham sido apuradas, nem as imagens terríveis dos seres humanos em Guantanamo, Cuba ocupou, marchando em silêncio submetidos durante meses ou até anos para se insuportável e enlouquecedor tortura, são seqüestradas e transportadas para prisões cumplicidade secreta com a hipocrisia de alegada sociedades civilizadas.
Obama não tem como esconder o fato de que Osama foi morto na frente de seus filhos e esposas, agora nas mãos das autoridades do Paquistão, um país muçulmano, de quase 200 milhões de pessoas, cujas leis foram violadas, ofendeu a dignidade nacional, e ultrajado tradições religiosas.
Como agora impedem as mulheres e os filhos dos executados sem julgamento nem direito explicar o que aconteceu, e as imagens são transmitidas para o mundo?
Em 28 de janeiro de 2002, o jornalista da CBS Dan Rather, transmitido pela estação de televisão que o 10 de setembro de 2001, um dia antes dos ataques ao World Trade Center e ao Pentágono, Osama bin Laden passou diálise em um hospital militar paquistanês. Eu não era capaz de esconder e proteger-se em cavernas profundas.
Assassinato e enviado para as profundezas do mar mostra o medo e a insegurança torna muito mais perigosa.
O muito público nos Estados Unidos, após a euforia inicial vai acabar criticando os métodos, longe de proteger os cidadãos acabam multiplicando os sentimentos de ódio e vingança contra eles..." Veja a carta na integra no link abaixo.


Fidel Castro Ruz
4 de maio de 2011
8 e 34 p.m.